22 de outubro de 2009

Na matinê






Uma mosca pousou no nariz do morto. A bela jovem deitada no mármore branco, vestida com uma túnica azul, vermelha e dourada não se mexeu. Ela parecia morta, mas se você observasse bem, a moça dava a impressão de estar num estado de encantamento às avessas. Travelling panorâmico pelo ambiente, até o grande salão e exibe o rosto quase morto de Branca de Neve, muito pálida.
Chega o Principe à cavalo e corre em direção ao corpo do amada.Os anões caminham lentamente e em silêncio, e não ousam perturbá-lo. Ficam no portal como se fossem guardiões. O Principe muito mais pálido que o habitual, tem um olhar doce de profunda emoção e amor. Afasta a mosca do nariz da jovem e a abraça com paixão. Depois procura seus lábios e lhe dá um longo beijo. A platéia com a respiração suspensa até esse momento, em comoção, aguarda que a moça abra seus olhos azuis. Mas o beijo causou um efeito devastador.
Um fino filete de sangue começou a escorrer do nariz da jovem. O beijo desencandeou o desastre. O veneno e a bruxaria foram para revirar muito tempo na circulação até a síncope final. Estava bem morta.
O Principe ficou com seu manto estragado de sangue.
Branca de Neve tinha respingos no rostinho.

Patricia M.

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