8 de outubro de 2009

A besta

Cerebrino é seu nome. E acho que todos possuem um. Eu, com certeza. Em certos sonhos o sinto deslizando pelo meu telencéfalo. Vagarosamente, do hemisfério esquerdo ao direito. Se esgueirando das ondas de corrente elétrica provocadas pelos meus 86 bilhões de neurônios. É minúsculo esse ser. Pegajoso como um bicho de goiaba. Mas liso. Feito de meleca de nariz, por sua vez, composta de poluição e dejetos deste mundo. Se alimenta de idéias descartadas. Sempre à espreita, aguardando o hospedeiro ter um plano sinuoso, uma inspiração divina, uma solução cabível. Daquelas que só aparecem à noite. E brilham. Mas ao amanhecer, são encapsuladas com um tal senso de ridículo. E, assim, saboreadas pela criatura.

Valéria Piassa Polizzi

Um comentário:

  1. Seriam essas as características de uma musa?
    Gostei.
    Tiago

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