13 de novembro de 2009

Morte

No meio da calmaria havia uma tormenta que me consumia. A imagem plácida escondia um turbilhão que viria à tona a qualquer momento. Eu deveria passar por aquilo de toda maneira. Era a única direção. Remando em águas claras, mas barrentas, aquele que me guiava cantarolava em meus ouvidos canções ternas que prenunciavam a morte. Era meu moço, que me levava ao meu destino, como havia feito com tantos outros que já foram. Agora chegava minha vez. Vestida de luto, aguardava passivamente meu fim. A margem do lado de lá estava à minha espera. A paisagem serena fixando barquinhos vazios que aguardavam outras sortes espreitava minha angústia. E a vida tinha passado.

Por Patricia Cytrynowicz

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