8 de novembro de 2012

Belas Tietas


(vai além de motes triviais que eclodem de decotes)

no velho casario de calçada estreita
miro-a na janela

a moça da novena
filha de Maria

chama acesa vela
sopra-a quem desvia

nega o que diz, mente
a tal que se diz pia

santa qual rameira
é Tieta bela, da que se disputa

gume cego é corte
pra quem diz afia

como a mãe viúva
da que foi donzela

é Tieta puta
da que se revela

só se dá novelo
a quem se diz fia

a que se diz fruta
como a da janela


(Celso Ribeiro)

2 comentários:

  1. Celso,

    Curtindo tua poética aqui no Escritores na Oficina.
    Neste muitos achados: disputa, moça da novena filha de Maria,vela sopra-a quem desvia. Diz afia, muito bom !
    Todo poema vai além de motes triviais que eclodem de decotes.

    Me diga, o que quis dizer com "a tal que se diz pia"?
    Não sei se alcancei.

    Beijos,

    Anna Amorim

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  2. Anna, obrigado querida!
    Minha intenção foi dar sentido de piedosa e despida.

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