22 de dezembro de 2008

Os Justos

Um homem que cultiva seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sur jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acaricia um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão salvando o mundo.

(Poema de Jorge Luis Borges, que remete ao episódio do Gênesis sobre a destruição de Sodoma)
postado por Edson Cruz

Um comentário:

  1. Edson!

    Um abraço, carinhosamente, poético!
    Lembrei de Ernesto Kramer, um Justo feito o poema de Borges.

    Que 2009 nos leve a seguir compartilhando versos, conVersas e lugares para mais eus eXistam...

    Feliz Natal!!!
    Carmen Silvia Presotto

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